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DICAS DE AVC - Do Diagnóstico à alta hospitalar
O que acontece quando uma pessoa tem AVC?
Tudo sobre o AVC na fase aguda - Do Diagnóstico à alta hospitalar
Você ou alguém da sua família teve um AVC... e agora? O que fazer? Como agir?
Tudo começa no diagnóstico do Acidente Vascular Cerebral ainda no hospital. Aqui, é feito o reconhecimento de caso e o paciente e seus familiares são informados pela equipe médica qual a real situação.
Neste momento, nem sempre é fácil digerir os acontecimentos e a primeira reação, geralmente, é o espanto, pois, pelo conhecimento que as pessoas têm, sabem da gravidade do AVC, que é popularmente conhecido como derrame.
FASE HOSPITALAR
Ainda no hospital, as primeiras dúvidas do paciente(ou do familiar) são: O que vai acontecer agora? Vai existir sequelas?
É sempre importante ressaltar que os sintomas do AVC na fase aguda não significam necessariamente sequelas posteriores. O cérebro tem uma plasticidade própria e as pessoas também têm características próprias.
Considerando esse fato e o tipo de reabilitação/estimulação que recebe, a pessoa com AVC pode ser capaz de recuperar muito daquilo que foi perdido.
Vale ressaltar também que a recuperação depende de diversos fatores como: localização da lesão cerebral, tipo da lesão (isquêmico ou hemorrágico), idade, etc.
A compreensão da importância da reabilitação na vida do paciente pode fazer toda a diferença. Afinal, o processo de reabilitação é capaz de resultar em uma recuperação quase total.
O tratamento imediato na pessoa que sofreu AVC também está relacionado diretamente às lesões cerebrais, pois, além da lesão direta, causada pela isquemia, existem outras que podem vir acompanhadas.
Então, na fase aguda existe um acompanhamento de fatores (pressão arterial, glicemia, oxigenação, dentre outros) para evitar piora na lesão cerebral.
Quando o paciente ainda está no hospital, chamada fase hiper aguda do AVC, várias situações podem acontecer e determinam a melhora ou piora do quadro clínico.
É fundamental que o paciente esteja acompanhado por uma equipe que conheça a doença. O AVC é uma das doenças mais comuns no Brasil e no mundo e tem gravidades diversas – desde uma simples perda da sensibilidade até uma fraqueza completa de uma parte do corpo ou situações mais extremas como o coma.
Na maioria dos hospitais das capitais brasileiras existem equipes experientes e especializadas que tratam a doença buscando suas causas e atuando nas possíveis comorbidades. A melhor recuperação está relacionada ao sucesso no tratamento.
Ter o diagnóstico de AVC significa igualmente saber a CAUSA do AVC, de forma que o motivo que ocasionou seja tratado, evitando assim um AVC recorrente.
Ter um AVC é um fator de risco para ter um outro AVC. Daí a importância de a equipe médica investigar as causas, com procedimentos específicos, tais como: verificar se os vasos do pescoço estão obstruídos por placas de gordura; avaliar os principais vasos craneanos; verificar se coração está com algum tipo de arritmia; realizar constantes exames sanguíneos. A partir dessas informações, o médico vai apresentar o diagnóstico e indicação de medicamentos e terapias adequados para aquele paciente.
É fundamental que tanto o paciente quanto a família não negligenciem a doença. É bastante comum os pacientes receberem o diagnóstico e, como o sintoma foi pequeno e a recuperação foi total, ignoraram a doença, relaxando nos horários dos medicamentos, deixando a reabilitação e outras orientações da equipe médica. Tal comportamento aumenta o risco do AVC recorrente, onde existe grandes probabilidades de sequelas mais graves. O AVC adequadamente tratado e investigado vai produzir uma qualidade de vida para a pessoa.
Ainda no ambiente hospitalar, o paciente é acompanhado por uma equipe multidisciplinar. É o momento em que pacientes e familiares têm contato com os tipos de profissionais que devem acompanhar o período de reabilitação. Geralmente, esta equipe é formada por fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, etc. É uma oportunidade para tirar dúvidas, aprender alguns exercícios ou posturas.
O tratamento de reabilitação costuma ser de longo prazo e ele se inicia após a alta hospitalar, por isso é necessário um planejamento cuidadoso.
Ainda no hospital, recomenda-se procurar a assistência social para orientações a respeito dos direitos legais – como incapacitação do trabalho do paciente ou familiar cuidador para que saibam o caminho a tomar, a fim de ter suporte para os melhores cuidados na fase de reabilitação
Veja abaixo algumas perguntas para fazer, antes da alta hospitalar:
FASE DE TRANSIÇÃO
Nos casos de AVC mais graves, os pacientes podem ter alta em situações de continuarem acamados com necessidade de cuidador para auxiliar sua rotina até mesmo em atividades mais simples como comer, se vestir, tomar banho, fazer higiene pessoal.
A orientação é que a casa seja adaptada às novas necessidades do paciente, inclusive, se necessário, realizar mudanças ou pequenas reformas.
Os profissionais envolvidos na reabilitação vão auxiliar a detectar quais alterações serão realizadas. Alguns hospitais têm equipes especializadas que vão até a casa do paciente verificar as necessidades de adaptação.
As adequações mais comuns são: abertura das portas estreitas para permitir a passagem da cadeira de rodas, solução dos problemas referentes a escadas, adequação no chuveiro, retirada de batentes ou colocação de apoio nas paredes.
O
momento da preparação da alta no
hospital é fundamental para a adequação da casa.
Saiba mais sobre esse assunto, clique aqui
Para os pacientes que ficam com poucas sequelas, o retorno ao lar é muito mais fácil.
Importante não interromper a reabilitação. A fisioterapia continuada é capaz de alcançar o efeito desejado. O resultado da reabilitação é muito significativo e importante nessa fase.
Cada profissional da equipe multidisciplinar tem sua função, e vai depender da necessidade do paciente:
- Fonoaudiólogo – ajuda a voltar a engolir, problemas de linguagem e comunicação.
- Fisioterapeuta – ajuda a melhorar posturas erradas que causam dor, que dificulta ainda mais a mobilização. Trabalha a força muscular e a coordenação.
- Terapeuta ocupacional – ( TO) – Faz a adaptação à rotina, baseado nas perdas
- Psicólogo – Tem a função de organizar o pensamento e a mente, e outros assuntos, como questões do sono, por exemplo.
- NeuroPsicólogo – Ajuda na função cognitiva e na normalização da dimensão emocional e comportamental pós-AVC.
- Nutricionista – Ajuda na alimentação correta, tanto no que
se refere à consistências, como na dieta
- Médico Neurologista – Cuida da parte fisiológica e de
medicação.
EM CASA
Dependendo da condição da pessoa que sofreu o AVC, ela consegue locomover-se até as reabilitações necessárias e inclui-las em sua rotina diária, mantendo um cotidiano parecido com o que tinha anteriormente ao AVC.
Quando o caso é mais complexo e as perdas mais significativas, a mudança da rotina atinge toda a família. Alguns pacientes precisam de homecare, com graduações que variam de acordo com as suas necessidades (podem precisar de oxigênio, ventilador, medicação por sonda). Outros podem atender apenas nas rotinas de medicações prescritas pelo médico ou as terapias de reabilitação feitas em casa.
Importante frisar para quem está passando por esta fase: pensar que o AVC existiu e todas as ações e procedimentos de agora em diante são para melhorar e ficar bem. Ficar bem aqui engloba todos os aspectos: físicos, cognitivos, emocionais
O aspecto emocional é um dos mais afetados e prejudica muito a vida pós-AVC. Quando o paciente se sente incapacitado, ou acredita não haver chance de melhora, perde a motivação e o estímulo, prejudicando a recuperação.
É fundamental que a mente dos pacientes e familiares estejam focados para a perspectiva de melhora, dentro das limitações possíveis diante do quadro clinico apresentado. A saúde psicológica do paciente e familiares deve ser foco de atenção pelos médicos e toda equipe de reabilitação.
As vezes o familiar cuidador está sozinho e cansado para as tarefas com o paciente, e não tem energia suficiente para estimulá-lo nas terapias. A saúde mental dos familiares também é importante para essa fase.
Uma das queixas frequentes pós AVC são as alterações do sono e de memória. Sem um boa noite de sono, o paciente fica sem ânimo para a reabilitação. O médico deve ser consultado nessas condições para orientar no tratamento adequado, que envolve desde medicamentos a atividades, exercícios e orientações na rotina, para garantir que o sono se normalize e resulte em maior disposição.
Outra coisa indispensável é o estabelecimento de rotina. As alterações da rotina a longo prazo, podem ser o caminho para uma nova forma de organização da vida e a manutenção das metas de tratamento.
Além da reabilitação, as metas do AVC tem outros objetivos com o tratamento de uma forma ampla.
Sugere-se acompanhamento com o neurologista clinico, para rotina de exames e cuidados com fatores de risco para um novo AVC. O acompanhamento ambulatorial do medico especialista é basilar e sua frequência deve ser avaliada de acordo com as necessidades do paciente.
Sim, existe vida após o AVC. Este é o lema da AÇÃO AVC e a neurologista afirma ser frequente pessoas acometidas pelo AVC se recuperarem completamente, ou passarem a ter uma vida extremamente eficiente e adequada.
Muitas pessoas aprendem com a situação e com suas limitações e se reinventam.
A prevenção ainda é o melhor caminho. Evitar o primeiro AVC com medidas preventivas, tanto da saúde física (controle de colesterol, hipertensão, diabetes) e saúde mental (depressões, crises de ansiedade, insônias) .
Não desista!
SIM, EXISTE VIDA APÓS O AVC
Material para impressão:
Clique para imprimir a Agenda Semanal e as Perguntas sobre o AVC antes da alta hospitalar:
Este vídeo faz parte da palestra
da SEMANA AÇÃO AVC (evento destinado a pacientes e familiares de AVC,
promovido pela Associação AÇÃO AVC), proferida pela Dra. Maria Julia Vasconcelos