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Como a equipe hospitalar pode auxiliar a família

A importância da psicologia após AVC

14/03/2023

O tema da II SEMANA AÇÃO AVC,  evento realizado pela ASSOCIAÇÃO AÇÃO AVC em 2022, foi  AVC - UMA DOENÇA DA FAMÍLIA

A Psicóloga Vera Amorim fala sobre a importância da mudança de comportamento após o AVC.

É de fundamental importância que, assim que o paciente acometido por um AVC chegue na unidade hospitalar haja acolhimento por parte da psicologia ao familiar/cuidador responsável que está ali destinado ao seu ente querido para o tratamento.

Nesse primeiro momento, o paciente dá entrada na Unidade de Terapia Intensiva, e o profissional psicólogo deve direcionar esse suporte emocional e coleta inicial de dados para o familiar.

Esse acolhimento se dá a um nível de psicoeducação.

Primeiro, uma coleta de dados onde esse paciente é estudado um pouco mais de perto para saber como o AVC afetou, e como começaram os primeiros sintomas para tratar a doença de fato acometida.

Fazendo uma certa diferença entre unidade hospitalar pública e unidade hospitalar privada.

Na unidade hospitalar privada é comum ter uma demora maior do acolhimento familiar, com alguns formulários e geralmente nas unidades privadas os psicólogos hospitalares ficam em tempos mais fixos a uma escala mais fixa de trabalho. Então geralmente é o mesmo psicólogo ou dois psicólogos apenas que ficam na Unidade de Terapia Intensiva.

É necessário um conhecimento prévio maior a respeito do paciente e de detalhes do adoecimento, às vezes esse acolhimento se torna um pouco mais longo, em termos de perguntas, termos de rotinas e termos de uma necessidade dessa coleta de dados para um possível orientação no decorrer de toda hospitalização.

No hospital privado é de fundamental importância o acolhimento, mas como às vezes não há um regime de plantões certo.

Então aquele primeiro profissional que vai ter o primeiro impacto da família e do paciente.

Então vai ser necessário uma coleta de dados, uma psicoeducação a respeito da unidade que está destinada ao paciente para o tratamento, de uma orientação a respeito do funcionamento, da chegada até o hospital, de como que daqui por diante vai proceder os boletins médicos, os acompanhamentos de visitas, o que pode e o que não pode.

É de fundamental importância nesse primeiro contato com a família.


O acompanhamento do familiar no momento da visita

Acolhimento do familiar após o AVC
Acolhimento do familiar após o AVC

Primeiro é o acolhimento, onde o psicólogo se dirige ao paciente e  família com orientações e escuta ativa sobre as dores e as classificações do próprio tratamento.

Procurar saber justamente o que o outro está compreendendo pois geralmente o cometimento do AVC pode vir de uma forma mais lenta ou mais bruta e isso leva as pessoas que estão ali com aquele paciente tomar um choque por não saber com o que está lidando, como estar lidando e como será daqui para frente.


Acompanhamento de visita

No acompanhamento de visitas às alguns fatores importantes, sendo eles:

  • A estimulação da interação família e paciente

Para isso é importante que o profissional da Psicologia tenha o entendimento prévio de como se encontra o paciente, o seu nível de limitação, se é um paciente que está sedado, se está entubado, se é um paciente que precisou fazer uma intervenção cirúrgica de emergência.

Como é que essa família vai entrar nessa visita e ela vai ter esse primeiro contato ?

Como a família vai encontrar o paciente?

Para o familiar qualquer coisa que fale a respeito de quem ele ama é de fundamental importância, precisamos trabalhar e desmistificar essas fantasias do tratamento.

Caso o paciente esteja com limitações, mas mesmo diante a limitações o paciente consiga se comunicar e de certa forma interagir, o profissional  precisa trabalhar como vai ser essa estimulação dentro da Unidade de Terapia Intensiva e como esse familiar poderá contribuir de uma forma positiva e interativa durante o tratamento.

  •  Orientação quanto a forma de comunicação
como se comunicar com alguém que teve AVC
Gestos na Comunicação pós AVC
Gestos na Comunicação pós AVC


É necessário orientar essa família e estimular essa orientação

Orientar também a família, explicando como é que ela vai está procedendo nessa tentativa de uma interação.

Em alguns pacientes que já estão com alimentação de uma forma melhor, o toque e o tom da voz do familiar é um estímulo bastante necessário, tanto para quem está ouvindo, não vamos saber ao certo se está ocorrendo uma compreensão mais efetiva, mas principalmente para quem está falando é uma forma de elaborar esse sentimento ao seu ente querido.

A forma como o outro está falando com o paciente mesmo que ele não tenha uma resposta é uma forma que ele está falando sobre o seu sentimento, o paciente está se escutando.

Em alguns pacientes que já estão no processo de não ter tanto comprometimento, que já no processo de uma reabilitação inicial, pode se trabalhar com algumas Pranchas de comunicação que facilite esse processo.

O uso de pranchas de comunicação no pós AVC
O uso de pranchas de comunicação no pós AVC
Pranchas de comunicação para os que sofreram AVC
Pranchas de comunicação para os que sofreram AVC

Dentro do contexto do acolhimento familiar e do acompanhamento de visita, vai ser trabalhado com o apoio psicológico do lado do familiar à beira leito do paciente, orientando e trabalhando com a psicoeducação e em algumas situações fazendo de fato atendimento psicológico.

O apoio psicológico vai estar ali orientando, conduzindo, atualizando, escutando e interagindo.

Esse apoio tem uma intervenção maior com o familiar, que pode iniciar na UTI e continuar na sala de espera ou continuar no outro momento hospitalar.

É importante observar essas diferenças desde então para dar continuidade ao tratamento.


O acompanhamento do boletim médico

O profissional psicólogo não vai estar passando as informações médicas para a família, mas é imprescindível que se faça presente no momento dessa passagem de informações médicas, porque muitas vezes impactado pelas palavras, pelo diagnóstico ou pela gravidade do quadro do paciente, a família vai balançar a cabeça para demonstrar uma compreensão, mas de fato ele vai estar elaborando todo esse processo de informações e de dificuldades emocionais dentro deste diagnóstico.

O psicólogo tem essa percepção de observar como o médico está falando, se  aquele familiar teve alguma dúvida, se não demonstrou uma compreensão apesar de ter mostrado com gestos que tinha entendido.

Assim já a abre a porta para a entrada de um atendimento maior psicológico, após o acompanhamento do boletim médico 

O psicólogo pode intervir junto com o médico demonstrado se existe alguma dúvida, se compreendeu de fato e mesmo com essa compreensão verbalmente, é o profissional que tem essa condição de fazer essa leitura corporal e emocional para dar um respaldo maior posteriormente a esse acompanhamento das notícias difíceis.


Orientações pós alta hospitalar

Antes do paciente ter alta é importante trabalhar essa alta.

O que é preciso saber na alta hospitalar pós AVC
O que é preciso saber na alta hospitalar pós AVC

Não é simplesmente esperar que a alta aconteça, pois muitas vezes o paciente apresenta comprometimento cognitivo ou motor significativo.

E às vezes é um paciente que vai demandar uma estrutura, tanto de mudança de rotina da família, como mudança de estrutura do seu lar para uma acomodação mais necessária.

É um paciente que pode sair acamado e essa família não tem essa estrutura em casa, então é importante  obter essas informações previamente, para a família ir se organizando a receber o familiar da melhor forma possível, dentro das condições de cada um.

Essa dificuldade é muito pertinente no ambiente hospitalar porque geralmente se pensa muito na saída do paciente da Unidade de terapia intensiva para uma enfermaria ou apartamento para iniciar seu processo de reabilitação.

Mas desde o momento da UTI é importante trabalhar a família de como está a observação do nível de limitação, quem é esse paciente dentro do contexto familiar, se ele é o provedor da casa, se é o chefe da família, se é aquela pessoa que emocionalmente comporta todos os outros, o psicólogo precisa saber esse papel de importância dessa família e a parte social que esse paciente se compõe em termos de estrutura familiar, estrutura de organização dentro de casa e organização de trabalho do paciente para obter informações mais baseadas dentro do que possa ser melhor um reajuste nesta nova readaptação familiar com o paciente acometido com AVC.

Dentro dessas situações é comum nos hospitais públicos essa falha de informação, que geralmente as equipes começam a trabalhar mais nessa saída.

É um processo demorado, com o SAD no hospital público se houve muito, mas pouco se sabe sobre isso, geralmente se trabalha a psicologia e o serviço social  juntos.

Para desmistificar isso tudo e trabalhar essa rede de apoio pós saída do paciente hospitalar.


O que é o SAD?

SAD - Serviço de Atendimento Hospitalar
SAD - Serviço de Atendimento Hospitalar

Será necessário ir uma equipe específica, para poder observar o ambiente na casa do paciente e tentar adequar para as necessidades atuais que ele vai estar precisando.

No hospital público se trabalha também com o HOME CARE, alguns convênios já tem essa particularidade mais específica, onde já tem equipes montadas.

Então isso se torna às vezes não tão demorado, mas mesmo assim ainda é um processo demorado de adaptação, onde será visualizada as dependências do paciente e o que será necessário para encaixar ele no programa mais adequado, dentro do que ele vive e dentro do será necessário para o tratamento.


Readaptação após alta hospitalar

Após a alta a família vai acolher e vai sentir a mudança de rotina e de estrutura, será necessário a ajuda de todos!

Pois o paciente que sofre AVC, fica com comprometimento grave e muda toda uma vida de uma família, não somente a vida do paciente, mas também da sua família como um todo.

Será necessário um processo de readaptação, seja das limitações como da readaptação visando a melhoria dentro do contexto que o paciente se encontra.

É importante informar sobre as redes de apoio que existem dependendo de cada cidade, que dê esse suporte para o cuidador ou para a família.

As redes ou grupo de apoio, tem pessoas que estão passando pela mesma situação e que podem transmitir e compartilhar umas com as outras suas experiências e um vai fortalecendo o outro emocionalmente e buscando estruturas para uma melhor adequação.

Dentro dessa rede de apoio existem pacientes que no momento não têm condições de ter o HOME CARE ou o SAD é preciso optar por uma reabilitação específica, seja fisioterapia, fonoaudiólogo, psicólogo, TO (terapeuta ocupacional) etc..

Os profissionais vão fazer parte desse trabalho de reabilitação e são de fundamental importância em todo o pós alta e da chegada em casa, da readaptação familiar e principalmente essa continuidade da vida do paciente acometido pelo AVC.


ASSOCIAÇÃO AÇÃO AVC - Vera Amorim - Psicóloga

*Este vídeo faz parte da programação da II SEMANA AÇÃO AVC (evento destinado a pacientes e familiares de AVC, promovido pela Associação AÇÃO AVC).